Difícil não é sentir a falta de quem nos faz falta.
É pensar no tempo que falta, no tempo que não volta e sufoca, e nas voltas da vida que o tempo nos dá. Fica a esperança de que o tempo aqui me sorria e me traga a vida de volta.
E tem sorrido...


18.10.07

Recordações

Último dia. Dia cinzento e de chuva que não se sente. Dia de recordações.
Faço hoje, no tempo que me vai restando durante o dia, um balanço sentido destes últimos dias. Destas semanas que aqui passei e de tudo o que senti e vivi, tentando apenas sobreviver. Apenas.
Recordo-me da praia. Dos dias das tardes de praia em Cabo Ledo e em Sangano. O sol. A beleza pura e intacta da Barra do Dande, para onde fugi por três vezes. E outras mais o faria, com tempo. A linda viagem a Porto Ambriz, ou quase, passando pelo Caxito e por estradas e aldeias e picadas incertas com rumo a praias quase desertas e paisagens de incontável beleza. A ilha do Mussulo. A liberdade. A nostalgia incontrolável de cada regresso em cada viagem.
Recordo os jantares Naquele Lugar, ao som da música quase mágica que me transporta deste lugar para outros lugares. Os petiscos lusos na Tendinha ao final do dia, onde as conversas são como as cer(v)ejas - há sempre lugar para mais uma. Lembro ainda outros jantares, inesperados e outros não, no Miami, no Ponto Final, no Embaixador, na Vila Alice e outros mais que, de tantos, não consigo mais mencionar. Os almoços de final de semana na ilha, na praia. Numa cadeira de praia. A paz.
Recordo também os momentos menos bons... A minha ausência constante nos dias mais importantes de uma vida. O meu aniversário, os casamentos dos meus melhores amigos e os aniversários de quem mais me importa na vida. Falhei. Recordo ainda o momento e a noite em que mudei de hotel muito à pressa, com as minhas coisas amontoadas arrumadas por outros. Hoje até consigo sorrir disso, é um facto. Hoje sim.
Recordo os dias de trabalho. O tempo e a paciência que muitas vezes se consome e me consome. Ainda o trabalho e outras alegrias das coisas boas e menos boas, geridas pelas expectativas. As minhas sempre baixas. As consequentes surpresas. Sim, alegrias.
Mas recordo sobretudo os amigos. Os que me apoiaram e acarinharam mesmo longe, dando-me a motivação nos momentos mais tristes. Os outros que aqui reencontrei e os que ganhei, com uma força imensurável e que nunca me deixaram sentir só. É verdade, nunca me senti só.
Hoje sinto a felicidade crescente que me tomou de assalto inesperado nestes últimos dias. Hoje conto os momentos que passaram da mesma forma que conto as horas que faltam para regressar a casa. Com a mesma alegria. Olho o passado com nostalgia e o presente em ansiedade. Constante e crescente.
Por tudo isto amanhã parto feliz. Pelo que vivi estes dias e pelo que viverei nos dias aí.
Por tudo isto, Luanda, até breve.

15.10.07

O Quase Final

Este foi o meu último fim de semana aqui... antes de ir de férias por quinze dias. Depois volto, claro... Mas com dias assim deixo de pensar nos dias que faltam até ao meu adeus, e deixo de julgar difícil o meu regresso depois... Sei que não vai ser muito difícil.

E este foi mesmo um fim de semana 'daqueles'. Na sexta-feira passei no Chill Out uma das melhores noites (hum... a melhor que me lembro...) das minhas noites em Luanda. Muito muito bom... com Buraka Som Sistema - não gosto, mas aqui é diferente, e por isso gosto - a fazer a festa. Uma festa com muito gin tónico à mistura e suavemente misturado pela boa companhia.

Sábado foi dia de praia no Caribe e de dor de cabeça ao acordar. Já anotei: Guronsan - não esquecer! Foi mesmo assim um óptima tarde de sol com um entardecido almoço junto à praia. Açorda de marisco com gin tónico - é uma boa combinação, acreditem. Ah, a propósito: - Mãe, não bebo cerveja há quinze dias seguidos! Juro. Neste dia a noite entrou bem tarde com um jantar bem romântico a três, no Cais de 4, à luz das velas e caindo sobre a vista magnífica de Luanda sobre a baía. Decidimos depois ir 'beber um copo - mas um só!' novamente ao Chill Out, o que acabou por se tornar em mais uma noite longa... bem longa... irresistível e inesperada, com os copos que se seguiram atrás desse 'um só'. Vários. Mas portei-me bem, ok? Sempre bem.

Domingo foi um novo dia. Acordar cedo para um outro destino: Ilha do Mussulo. Hum... já escrevi a parte do Guronsan...? Ok... tenho mesmo de trazer. Fomos até ao Barssulo, um pequeno paraíso a sul, sítio ideal para um domingo assim. Não estava sol, nem esteve o dia todo, mas eis que ele brilhava em mim, tão perto que estava. E dormi, adormeci... relaxei e desfrutei, em autênticas camas (são mesmo!) na praia. Dias assim dão mesmo que pensar... muitas vezes. Isso realmente... Hum... dá que pensar, só isso.

O dia acabou por acabar nostálgico, mas feliz, como eu me sentia, após um óptimo jantar de amigos. E cartas. (sim, aqui joga-se espadinha!). Acabei assim o dia meio acabado com o cansaço espelhado no rosto e o pensamento invadido pela vida. A minha vida. Tudo aqui vale a pena, pela experiência vivida, pela beleza das coisas belas, e pelas amizades que aqui ganham um outro sentido, uma outra força. Adorei.

Será que estou mesmo a gostar muito disto? Aa... talvez sim...

Mas só talvez.

Levitação

Porque hoje me sinto assim.
Está quase.

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