Difícil não é sentir a falta de quem nos faz falta.
É pensar no tempo que falta, no tempo que não volta e sufoca, e nas voltas da vida que o tempo nos dá. Fica a esperança de que o tempo aqui me sorria e me traga a vida de volta.
E tem sorrido...


29.1.08

Além do Sul... a Porta do Tempo

Continua faltando-me o tempo. Reparo o meu tempo no presente e este já se encontra no passado. Tem sido assim, uma constante perseguição a alta velocidade. Sei que não o consigo fazer parar. - Ah... e era tão bom! Mas eis que senti que nele recuei, no passado fim-de-semana. Por entre montes e vales e grandes rochedos e floresta cerrada, cheguei à Gabela. E vejo que alguém ali conseguiu o que eu tantas vezes tenho desejado: parar no tempo, por muito tempo. Alguém. Talvez a própria natureza, que enclausura a pequena vila entre as montanhas que nem o tempo atravessa, ou mesmo a guerra que a isolou ainda mais do resto do país por anos e anos. Ou apenas a graça de Deus e dos homens que aqui souberam criar vida escondida do resto da vida e do tempo que passa. Nota-se tanto a presença dos portugueses... Como se ali ainda se vivesse antes de tudo, antes do nada. 30 anos antes. As casas, as ruas térreas, a igreja ao fundo da avenida, o mini-mercado e o café Royal, com os petiscos e a cerveja e o café caseiro servido com chávenas do melhor serviço da casa. E as pessoas que param para nos ver passar, e nos recebem na porta do tempo com um sorriso e simpatia de quem deseja que ali fiquemos por muitas mais horas. Dias até. Sim... Dá vontade.

No caminho que durou seis descansadas horas, e já bem perto do destino, algures no fim do tempo, paramos em deslumbramento nas cachoeiras do Sumbe. Um espectáculo que a mãe Natureza criou com arte desde o início de tudo, demonstrando aqui a força e a beleza infinda das suas criações. Senti-me pequeno e submisso, impotente e em incontrolável alegria e serenidade. Incrível a paz que vem com a força do rio.

Hesitando no ficar, acabamos por regressar bem tarde e pela noite dentro. E pela estrada fora nos acompanham milhões de estrelas, bem alto e bem visíveis num céu nunca antes visto, substituindo a luz da lua que hoje não veio ao nosso encontro. Regresso a Luanda a cantar, a sorrir e a sonhar meio acordado. Depois retomo renovado o meu tempo no dia seguinte. Conformado, ganhei ânimo para continuar perseguindo-o.

10 comentários:

fairytale disse...

É linda a natureza que nos envolve de uma forma tão real e majestosa. Sentimos nela, o nosso ser, a nossa alegria. E o tempo não pára, apenas nos brinda com a sua paz.

Beijos doces

Anónimo disse...

Por vezes não quermos que o tempo pare, mas sim que ele voe para que as tormentas da vida passe mais depressa, é precisso não confundir esta situação. Que a vida te continue a sorrir em Luanda beijinhos de todos, Ana Isabel.

Anónimo disse...

O teu blog é fascinante. Vou para Luanda trabalhar ainda este mês e procurei na net como é Luanda A tua escrita séria e ao mesmo tempo comica roubou-me um hora de tempo a lêr o teu blog. Parabéns! Estou com receio de aí chegar, vou-me adaptar (?)sou ilheu (Madeira) um meio totalmente diferente, nem quero pensar. Continua a escrever que eu vou continuar a lêr.

Anónimo disse...

"(...)com os petiscos e a cerveja e o café caseiro servido com chávenas do melhor serviço da casa.
hahahaha!!!!(...)" A sorte que eles tem de não ter aí a nossa ASAE,se aí estivesse não havia petiscos caseiros para ninguém!lolololo...
Mais uma das tuas descrições fantasticas do que te rodeia! Qualquer dia vou ter contigo a Luanda!

Beijos com saudades da
Prima Guida

Anónimo disse...

Olá...
Leio o teu blog aos bocadinhos para não "acabar". Fui lá ao príncipio e "entrei" na tua vida como se fosse um livro.
E como os livros são a minha vida, acabo de ler um dia desses... daqui umas semanas... talvez :-)

Boa continuação !

Peter disse...

Oi linda fairy...
É maravilhoso sim, o que a Natureza cria por si, criando lugares que serão sempre dela. Só dela.
Beijos de boa semana!

Peter disse...

Oi mana...
O tempo parado também sara feridas. Nem preciso que ele voe, pois sei que enfrentarei as tormentas da vida da mesma forma, com mais ou menos tempo. Sempre eu. Na verdade, tudo tem mesmo o seu tempo.
Beijos a todos, com muita saudade!

Peter disse...

Olá Madeirense! :)
Obrigado pelos elogios! Fico muito feliz :) Espero assim e em troca ajudar-te a entender um pouco de Angola.
No que for preciso, cá estarei para te receber.
Abraço, e até breve!

Peter disse...

Oi prima!!
Pois... e esqueci-me de um pormenor importante: era cafezinho de cafeteira... bem como faziam as nossas avós. Muuuuiito bom :)
ASAE? Era lindo mesmo... Acho que fugiam.
E cá te espero em Luanda!! Vens ja hoje? :)
Beijo grande!

Peter disse...

Oi Jo Ann!
Obrigado pela palavras, que espero retribuir com os pequenos retalhos que te proporciono neste pequeno canto da minha vida.
Beijo e até daqui a "bocadinho" :)

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