Difícil não é sentir a falta de quem nos faz falta.
É pensar no tempo que falta, no tempo que não volta e sufoca, e nas voltas da vida que o tempo nos dá. Fica a esperança de que o tempo aqui me sorria e me traga a vida de volta.
E tem sorrido...


22.6.07

Dia 12 - O Dia mais Louco

Sexta-feira.
É que nem sei por onde começar.
Talvez pelo homem nú que passou em frente ao hotel, à hora de almoço. Não, realmente não vi o tamanho da coisa, mas vi a descontração com que passeava (!) na rua. Nú, completamente nú, em plena cidade. Talvez tenha sido assaltado, em plena luz do dia... Talvez. Mas não sei porque razão me sinto mais seguro em pensar que foi mesmo isso, e não outra coisa.
Poderei também falar nos grandes volumes simétricos da noiva que hoje casou no hotel. E das suas damas de honor. É normal aqui os casamentos à sexta-feira. É normal serem em hotéis, tal como se vê por aí. Mas não é normal ver algo assim. Nem aí. Muito bom.

Enfim, mas o melhor estava reservado para a noite. Literalmente, uma loucura. Ao hotel vieram buscar-nos um amigo de um amigo e o amigo do amigo desse amigo. O louco. Com o seu Volvo 3500 do século passado. Só não era um carro de combate pela velocidade que tomava. De resto até parecia que tinha lagartas. E o condutor só não era um louco porque... - não, afinal esse era mesmo louco. Um 'louco' que mete os candongueiros a um canto (e literalmente também). Com ele experimentei ultrapassagens pela direita, pelo meio dos carros, pelo passeio e em sentido proibido. E tudo isto em alta velocidade, por estas ruelas de Luanda. Ele é o maior, o louco. O maior. Está cá há 5 anos em Luanda... mesmo assim não tem desculpa. Nem juízo.

Bem, enquanto me beliscava para ter a certeza que estava ainda vivo e acordado, já fora do carro de combate, eis que algo faz de novo o meu coração bater mais depressa (mais ainda que quando vi a noiva). Ouvi um "clac-clac" e depois um tiro. A uns 20 metros de nós. Alguém achou que devia tentar roubar um carro ali mesmo, e os seguranças responderam, como mandam as regras: primeiro um tiro ao homem, depois um segundo tiro para o ar. Metralhadora AK47. É normal, dizem. Desconheço o resultado final da história, mas o tiro foi só um que se ouviu. E não foi para o ar.

A noite acabou com um jantar já tardio num restaurante que aguardou que nos sentássemos para se transformar numa autêntica discoteca - O Jango. As colunas a um metro da nossa mesa, e a pista de dança mesmo ali. Nada agradável mesmo. Quase não jantei, e quase nem dava para falar entre nós. E nem dancei, claro. Quem dançou foram as batatas que pulavam, e os talheres que tilintavam no meu prato. Com ritmo.

2 comentários:

Anónimo disse...

Peter fico contente, com a tua rápida

"ambientação" (ou não ??!).

... Ah é verdade e as Angolanas, para quando um post sobre as belas representantes desse belo exemplo de Africanidade (humm...)

UM GRANDE ABRAÇO

Orlando Gonçalves disse...

Pedro
Mas que aventura cada dia uma coisa nova. Muito giro esta coisa de escreveres por dias. Aos poucos vais-te ambiantando, se bem que sertas experiencias não sejam de facto lá muito agradáveis. Amigo coragem e agente vê-se em Luanda.

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