Já fora do caos de Luanda, fizémos a primeira paragem: o Miradouro da Lua. Outro extremo, mas este felizmente criado pela mãe Natureza. Lado a lado o mar e o deserto. O mar azul e o deserto lunar de grandes crateras de rocha e areia, que justificam plenamente o nome dado a este local. E justificam a visita, claro.
Parámos segunda vez na barra do Kuanza. A foz do rio Kuanza - o principal rio de Angola. Não vimos muito, é certo. Apenas contemplámos o rio visto de um antigo restaurante. Antigo de abandono. Julgámos também ver um crocodilo. É o sítio deles aqui. Continuo a pensar que foi pura ilusão colectiva. Ou não... mas ficámo-nos por aí na aventura. A estrada de acesso à barra também poderia ter o mesmo nome do miradouro. Assentava-lhe bem, dadas as grandes crateras que nos fazem pensar duas vezes num eventual regresso. Mas voltarei concerteza. Ou talvez.
Seguimos viagem. Passámos depois a ponte sobre o rio Kuanza, que separa também as províncias de Luanda e do Bengo. Segue-se uma portagem. Não, não há auto-estradas. É apenas uma portagem. E paga-se para passar. Só isso. Paga-se para passar para o outro lado. Negócio bom, este.
Mais meia hora de viagem e mandam-nos encostar. Polícia manda. Pedem os documentos da viatura, a carta de condução, o passaporte e a declaração para conduzir a viatura. Observam curiosos, como se fosse tudo uma novidade (creio que era mesmo). Aqui tudo é ao contrário: se estiver tudo ok então 'há' problema. É uma chatice. Pedem depois a certidão de nascimento, a de casamento, o boletim de vacinas, cartão de estudante, boletim do euromilhoes... Pedem tudo até faltar algum. Depois param o questionário. Deixam de pedir papéis para pedir papel. Qual papel? O papel. Mas o que interessa é sorrir e seguir viagem. E assim foi. Com menos 20 dólares no bolso mas com um sorriso incrédulo pela felicidade estampada no rosto dos agentes da lei (?) e pelo feliz adeus da despedida. Mais uma história que fica. Para contar depois.
4 comentários:
Realmente a força do mar leva e traz muita coisa. Esqueço-me que agora ai é Inverno e é altura das marés cheias.
Não te esqueças que o oceano que banha Luanda é o mesmo que banha Lisboa e entra por este rio maravilhoso que se chama Tejo. Por isso mesmo essa tua saudade chegou aqui a todos nós e muito especialmente á tua amada.
Orlando..que profundo.
Oh menino Pedro, estes relatos podem deixar a sua esposa a pensar que não foi para aí trabalhar..mau..mau..
De resto, é verdade que África não deixa ninguém indiferente..porque é tudo diferente..Been there, Done that..
Beijinho
Até que enfim uma foto, já não era sem tempo. Visto assim isso parece o paraiso. Coloca mais fotos Pedro. Um Abraço
Bem Pedro!
pela tua descrição de tudo o que te rodeia... parece-me que esse país vai-te deixar marcas profundas... que engraçado... todas as pessoas que estiveram em Angola, falam sempre desse país com nostalgia e saudade! deve ser um país maravilhoso apesar dos pontos negativos que tem.
Beijos e abraços
Carla, Carlos, Tiago e André
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