Difícil não é sentir a falta de quem nos faz falta.
É pensar no tempo que falta, no tempo que não volta e sufoca, e nas voltas da vida que o tempo nos dá. Fica a esperança de que o tempo aqui me sorria e me traga a vida de volta.
E tem sorrido...


5.7.07

Dia 25 - A Vontade

Já acordei triste para este dia, após mais uma noite de curtas horas de sono e muitas voltas na cama. Um sono perturbado. Assaltava-me o pesadelo desta realidade das ruas... Retinha ainda no pensamento a imagem da noite passada. A imagem da pobreza vista nas ruas e revista ao jantar, em que a 'boa vida' à minha mesa contrastava com as crianças e adultos que, ali mesmo ao lado, nos abordavam em fila e pediam um pouco de comida
- Senhor, para eu jantar hoje, por favor.
Dezenas de pessoas. Ali estão, todos os dias, esperando as nossas migalhas. As minhas não dei. Se der um dia mais dias e mais pessoas virão. Custa-me, mas aqui aprendemos forçosamente a ser frios. A ser diferentes e distantes, e tenho tido também nisso uma (des)agradável surpresa do meu próprio ser. Tornei-me indiferente. E dormi a pensar nisso.
Hoje senti também a falta de quem me falta. Hoje mais que nunca nestes dias queria estar ao seu lado. Sentir-me perto, nem que fosse só para partilhar o calor de um abraço. Durante o dia não tive internet. Nem no trabalho, nem no hotel. Não tinha acesso a mail nem telefone para o exterior. Coisas tão simples... que tal como a luz sempre me habituei a ter sempre. Mas não aqui. Estava por isso isolado e incontactável. Mas mais que isso sentia-me preso e amordaçado por tentar 'estar' com o meu mundo e com as pessoas que são o meu mundo e não conseguir. Nem trabalhar.
A noite chegou tarde, neste dia que se arrastou num completo isolamento. Mas melhorou. Fomos jantar ao Bahia, um restaurante lindíssimo sobre a baía de Luanda. É mais um sítio para recordar e revisitar aqui. Um ambiente calmo, muito romântico até, com uma varanda de apetitosos sofás iluminada a meia luz por velas nas mesas escuras e inundada por uma música calma e familiar. Toda a baía no nosso olhar, toda nossa. E senti-me melhor.
Tomámos um último gin no Chill Out... Acho que estávamos com saudades (não do Gin). Com sorte a música do Bahia perseguiu-nos até lá, e com ela estivémos um pouco - com os Eagles, U2 e UB40. A matar saudades mesmo! Mas a viagem para lá foi mais uma aventura. A polícia, tal como a música, também nos perseguiu. Mandou-nos parar. Mas ao volante do nosso Cherokee (como é que se escreve mesmo...?) e com um pára-arranca fenomenal a M. trocou-lhes os olhos e fugimos depois a abrir. Normalíssimo.
Sim, a noite foi um contraste do dia. Acalmou-me, fez-me sorrir um pouco e mandou embora a tristeza e a saudade. E por momentos, senti-me perto. Mas hoje não consegui passar um minuto sem a tua presença. Tornou-se inevitável. Para mim este meu dia foi teu e tu foste todo o meu dia. Infelizmente, todo ele foi a tua ausência.
Hoje imaginei ter-te comigo aqui. Fica a vontade.

4 comentários:

Helder disse...

Fica também aqui expressa a vontade de te ver de novo e de te apertar naquele abraço carregado de amizade...força miudo.

H

Anónimo disse...

oh tão fofinho!

Tenho a certeza que a Ana também tem dias assim... nós também ao lermos o teu blog, sentimos muitas saudades e aguardamos ansiosos o teu regresso... é bom e saudável estes dias, faz-nos pensar o quanto é importantes as pessoas que o são.

Beijos e abraços
Carla, Carlos, Tiago e André

Anónimo disse...

Um abraço Amigo
Nor

Anónimo disse...

Isso eh praticamente uma poesia...quanto sentimento!!!
Grande abraco eternizado pelos dias!!! Dias (tristes ou felizes)necessarios quem sabe para um futuro mais proximo!

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