São dez da manhã e já aguardo impaciente no bar do hotel por alguém estranho que me irá levar ao aeroporto, onde também já tenho alguém que não eu a fazer em meu nome o demorado check-in . Por isso já tudo entreguei: o passaporte e o bilhete, as malas e até a própria alma.
Duas horas e gin tónicos depois chega o meu transporte e com um rápido 'até breve' me despeço do hotel que foi por todos estes dias a minha casa e que continuará a sê-lo quando eu voltar. Chego ao aeroporto através do trânsito infernal das horas de almoço e o Sr. Prazeres me recebe à entrada com o meu cartão de embarque, o meu passaporte e o seu sorriso de quem sabe sorrir. Para aquele momento não podia haver melhor apelido.
Aguardo impaciente e incrédulo na sala de embarque, depois de ter sido encaminhado (como a quase toda a gente) até uma pequena sala com uma secretária vazia onde por detrás dela um homem igualmente pequeno nos pergunta:
- Dólares ou Kwanzas?
Deu-me vontade de responder: - Hum... prefiro Dólares. Tem aí pra mim?
Mas a verdade é que a pergunta era outra, tal como a finalidade. Se eu levasse algum dinheiro comigo teria de ficar com ele (e para ele). Francamente... Respondi que não, enquanto sentia com os meus dedos no bolso traseiro das calças os dólares e kwanzas que trazia comigo. Muitos! E trouxe.
O voo parte com atraso, pois na hora prevista de partida ainda eu desesperava na sala de embarque. Mas partiu e para mim foi das melhores viagens que tenho feito. Talvez mesmo a melhor, pela simpatia e qualidade do serviço, pela calma e sossego no interior e lá fora e, claro, pelo destino. É sempre bom voltar a ver através da janela a ponte Vasco da Gama e sentir novamente os meus pés assentes no meu chão. É bem bom ver os meus que me esperam e matar assim as saudades que desesperam. É a felicidade plena de quem regressa e se alegra, mesmo sabendo que o bilhete tem ida e tem volta.
Olá a todos! Regresso dia 26.
Até breve.