É pensar no tempo que falta, no tempo que não volta e sufoca, e nas voltas da vida que o tempo nos dá. Fica a esperança de que o tempo aqui me sorria e me traga a vida de volta.
E tem sorrido...
16.6.07
Dia 6 - O Hotel
15.6.07
Dia 5 - A Sexta
14.6.07
Dia 4 - A Rotina
Tornou-se um dia igual ao de ontem, igual ao de antes de ontem... igual a muitos que ainda não passei, mas que hoje me deprimiu só por pensar que poderão ser todos assim.
Passei-o a custo, sem vontade de trabalhar (sem meios também, diga-se...) e a verdade é que também não tenho tido muito que fazer.
Conheci sim pessoas novas. Uma simpatia, como tem sido desde que cheguei. Portugueses e angolanos. Ajudam-me a passar os tempos mortos e a verdade é que não me tenho sentido só, como era esse o meu maior medo.
Contudo, chega o fim do dia e sinto-me um pouco farto e cansado. A companhia não chega para quebrar esta rotina.
Deito-me exausto e pensativo. Um pouco sem fé. Sei que é só agora... Pois só poderá melhorar. Em breve terei companhia, o resto da minha equipa estará comigo. Hoje soube que está para breve...
13.6.07
Dia 3 - Os Livros
Entre o trabalho a fazer e o tempo perdido no trânsito e nas horas de almoço, dou por mim novamente no hotel.
Tenho tido dificuldades em dormir. Será assim até me habituar aos horários. Desligo a TV e arrumo algumas coisas que tenho deixado para depois. E o depois é agora! - Penso.
Na mala tenho ainda 5 livros. Um outro já a meio está na cabeceira junto à cama, desde o primeiro dia: Amor em Tempos de Cólera, do Gabriel G. Marquéz.
Trago a Ilha das Trevas, do José R. dos Santos, que irei 'devorar' concerteza a seguir. Estou ansioso! Mas um de cada vez...
'Bom dia camaradas', do escritor angolano Ondjaki, 'O outro pé da Sereia', um romance do "meu" Mia Couto (como estão a ver, em África sê africano), 'A história do Amor', de Kicole Krauss (livro do ano) e também o livro do "desenjoo, 'O estranho caso do cão morto', de Mark Haddon, compoem parte das minhas aquisições deste ano, na feira do livro. Espero não os conseguir ler todos... Seria, neste caso, um bom sinal.
Fecho a mala e dedico-me ao primeiro, o que está na cabeceira. Afinal até estou a gostar deste! A mala fica, onde está e como está.
- Amanhã também é "depois".
12.6.07
Dia 2 - A Realidade
Dou-me por satisfeito, sobretudo pela simpatia que tudo me transmite. Tudo e todos.
11.6.07
Dia 1 - O Choque
10.6.07
Dia 0 - A Preparação
Foi este o meu último pensamento ao sair de casa. Pensei e disse. A minha preocupação estava no que preciso de levar comigo, e não nas coisas que ficam. E isto porque não posso olhar para trás, mas apenas pensar no que há-de vir, e no que me espera lá longe.
Chove lá fora... Chove sempre nas despedidas. Será um presságio? Ok, é bom sinal! Recordo que tudo correu sempre bem com a chuva de outras despedidas.
Faço um esforço... e tento não chorar. Tento sempre parecer muito forte nestas alturas, não por orgulho mas sobretudo para minha defesa. Invento os sorrisos, escondo a tristeza e a angústia bem cá dentro. De facto, chorei de noite e sorrio agora, nem entendendo como consigo. Bem, se calhar sou mesmo forte! Hum... Não sei. Não me parece...
- Lágrimas é que não vale!
Não disse nem mais uma palavra... a partir desse momento estava só. E só então percebi que era real. E só então senti a falta que irei sentir. Só.
O avião parte com atraso... Dizem-me que é normal. Nem a presença do Mantorras (será que passou no detector sem apitar?) me deu algum conforto naquela altura... Quer dizer, até deu... Esbocei um sorriso quando trocámos um olhar e fiquei até com a impressão que ele me conheceu - Já não se pode andar na rua que é isto! - Mas não me pediu nenhum autógrafo.
Já no ar, vejo pela janela a ponte Vasco da Gama. Passa-la-ei no meu regresso, quando vier por uns dias a casa, daqui a uns... Meses?? Fecho os olhos, incrédulo.
- Será tudo isto um sonho mau? Meu Deus... Vai ser tão difícil!
E foi assim... Com o coração na boca (o meu terror em andar de avião não ajudou mesmo!) lá segui o meu destino - ou pelo menos prefiro pensar que fui eu que o escolhi e não Deus - e entrei no mundo dos sonhos e pesadelos, e também muita turbulência.