Difícil não é sentir a falta de quem nos faz falta.
É pensar no tempo que falta, no tempo que não volta e sufoca, e nas voltas da vida que o tempo nos dá. Fica a esperança de que o tempo aqui me sorria e me traga a vida de volta.
E tem sorrido...


14.12.07

Voa voa

O tempo voa. Bem alto e bem rápido. Nem olha para mim. Não me vê.
De hoje a uma semana estarei a voar assim também. Tal como o tempo até lá. Com ele. Ele voa feliz e eu vou feliz voando e vamos os dois felizes, lado a lado com a ansiedade. Resta-me tentar acompanhá-lo com a força que me resta e chegar ao mesmo tempo do que o tempo. Ou mesmo antes, sei lá...
Mas porque hoje é sexta-feira, final de tarde, vou voar também para o fim-de-semana. Vou voar e vou viver aquele meu tempo que não quero que voe. O tempo rasteiro que consigo parar com as minhas mãos e controlar.
Por isso vou voar neste voo nocturno, que parte agora já.
E neste voo nocturno sinto que sou mais leve do que o ar...
Falta pouco. Já sinto o coração a planar.

10.12.07

Cinco minutos

Luanda, 7 da tarde. Noite. Local de trabalho. Superfície. Descanso o meu olhar através da acostumada janela sobre a baía do costume. Descanso a mente também. Sinto uma suave e quente brisa que vem ao meu encontro desejar-me boa noite. Inspiro. Expiro fundo. Flutuo. Cinco minutos.

Pequenas luzes além das luzes dos navios no porto vestem ao longe o hotel Presidente de alto a baixo, transformando-o numa enorme e quase ridícula árvore de Natal.

- É Natal! Recordo-me agora, num estranho misto de alegria e de tristeza. Confuso. Do outro lado vejo mais outra árvore de natal, esta pequena e verdadeira, no cimo mais acima do edifício mais alto de Luanda. Mais luzes aqui e ali por todo o lado brilhando, piscando ou apenas iluminando a época. Sim, é Natal.

Quase que nem sinto o Natal. Sinto que os dias têm passado a correr e tem-me faltado o tempo. Tem-me faltado o tempo para tudo. O trabalho me exige e consome os meus dias e os fins de semana também. Estou exausto.

Hoje é mais uma segunda feira. E foi mais um fim de semana que passou, por onde a chuva passou também mas já partiu (será de vez, desta vez?). Ontem até vi o sol nascer e partir também. E dormi no entretanto, enquanto ele brilhava lá no alto. Descansei.

Conto pelos meus dedos que faltam dez dias para regressar a Portugal. Penso que irei em breve viver o Natal e fechar as portas deste ano. Penso que vou matar as saudades que tenho. Penso depois que volto depois, para um novo início, um último recomeço. Penso que está quase, e assim sorrio de novo.
Suspiro. Fico imóvel por momentos, fixando o meu olhar e sorriso no futuro. Depois desperto, ganho confiança e estalo os meus dedos em sinal de coragem. Bem preciso!
Deixo a superfície. Inspiro por último mais um pouco de muito ar e volto a submergir para o meu mundo dos últimos dias. Está quase!

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